Por Leandro
de Paula em 16/05/2007
às 18h02
Balé. Quem nunca ouviu alguém dizer que isso é “coisa de
menina” ou ainda “menino bailarino só pode ser viado” ? Pois é. Além de encarar
uma maratona de treinos todos os dias, os garotos que decidem fazer balé ainda
precisam lidar com outro problema: o preconceito.
Visto como uma atividade específica para mulheres, o balé
fascina meninos adolescentes que sonham um dia viver para dançar. Hélio
conheceu o balé aos 12 anos. Pela dedicação e responsabilidade, acabou ganhando
uma bolsa para estudar em uma escola no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Hoje, após cinco anos, ele relembra sua trajetória: “Muitos amigos meus pararam
de falar comigo. Diziam que eu era gay, que não podiam andar comigo porque eu
fazia balé”, afirma Hélio, que não se arrepende de nada, muito pelo contrário,
até se orgulha por ter passado e estar passando por tudo isso. O professor de
dança Juan Pablo também tem história para contar. Juliana, que também é
bailarina, tinha dúvidas sobre a sexualidade do namorado e a primeira pergunta
feita a ele foi se Juan era “bem resolvido”. Juan não perdeu o rebolado e
categoricamente disse que era “bem resolvido até demais”. “O preconceito existe
sim, mas o bailarino hétero pega muito mais menina do que os caras por aí”,
acredita Juliana. Apesar do otimismo dos depoimentos acima, Nelma Darzi,
professora e dona de uma academia de dança no Rio, mostra que o preconceito
continua enraizado. “Eu criei rapazes que entraram aqui na faixa dos oito anos
de idade. E, realmente, eles tinham gestos muito femininos. Mas, aqui dentro da
escola, por conta do carinho das pessoas, e por cobrarem essa posição de que
você é um menino, você é um rapaz e seu papel tem que ser de homem e não de
moça, eles foram modificando esse gestual efeminado, adquirindo uma postura
masculina”. O jovem Matheus também confirma o estigma carregado pelos
bailarinos. Praticante de futebol, ele conta que quando decidiu trocar as
chuteiras pelas sapatilhas, família e amigos se surpreenderam. “Minha mãe nunca
se intrometeu, mas uma vez ela perguntou se era isso mesmo que eu queria fazer
e se não estava virando viado”, revela o jovem.
Fonte: (http://acapa.virgula.uol.com.br/cultura/heteros-falam-do-preconceito-em-dancar-bale/3/8/1618
acesso: 11/06/2012)
Nenhum comentário:
Postar um comentário