quarta-feira, 13 de junho de 2012

Héteros falam do preconceito em dançar balé


Por Leandro de Paula em 16/05/2007 às 18h02
Balé. Quem nunca ouviu alguém dizer que isso é “coisa de menina” ou ainda “menino bailarino só pode ser viado” ? Pois é. Além de encarar uma maratona de treinos todos os dias, os garotos que decidem fazer balé ainda precisam lidar com outro problema: o preconceito.
Visto como uma atividade específica para mulheres, o balé fascina meninos adolescentes que sonham um dia viver para dançar. Hélio conheceu o balé aos 12 anos. Pela dedicação e responsabilidade, acabou ganhando uma bolsa para estudar em uma escola no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Hoje, após cinco anos, ele relembra sua trajetória: “Muitos amigos meus pararam de falar comigo. Diziam que eu era gay, que não podiam andar comigo porque eu fazia balé”, afirma Hélio, que não se arrepende de nada, muito pelo contrário, até se orgulha por ter passado e estar passando por tudo isso. O professor de dança Juan Pablo também tem história para contar. Juliana, que também é bailarina, tinha dúvidas sobre a sexualidade do namorado e a primeira pergunta feita a ele foi se Juan era “bem resolvido”. Juan não perdeu o rebolado e categoricamente disse que era “bem resolvido até demais”. “O preconceito existe sim, mas o bailarino hétero pega muito mais menina do que os caras por aí”, acredita Juliana. Apesar do otimismo dos depoimentos acima, Nelma Darzi, professora e dona de uma academia de dança no Rio, mostra que o preconceito continua enraizado. “Eu criei rapazes que entraram aqui na faixa dos oito anos de idade. E, realmente, eles tinham gestos muito femininos. Mas, aqui dentro da escola, por conta do carinho das pessoas, e por cobrarem essa posição de que você é um menino, você é um rapaz e seu papel tem que ser de homem e não de moça, eles foram modificando esse gestual efeminado, adquirindo uma postura masculina”. O jovem Matheus também confirma o estigma carregado pelos bailarinos. Praticante de futebol, ele conta que quando decidiu trocar as chuteiras pelas sapatilhas, família e amigos se surpreenderam. “Minha mãe nunca se intrometeu, mas uma vez ela perguntou se era isso mesmo que eu queria fazer e se não estava virando viado”, revela o jovem.

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